A filha de Shiva



Sempre perdurou uma dúvida na cabeça de Heloisa. Seria ela filha de Yemanjá ou de Iansã? Uma é doce apesar do mar ser bem salgado. A outra é implacável e fere com sua espada de fogo. AGNI. Remete ao pai que é Shiva, o destruidor: destrói para construir algo novo. Aquele que conjura a força do vento e com ele varre toda a imundície que se propaga até no éter. Junto com Brahma e Vishnu, Shiva compõe a trimurti, a trindade que simboliza a criação, a conservação e a destruição. O trishula é uma espécie de arma em forma de tridente, eficaz contra a estupidez humana. A naja denota que Shiva dominou a morte. Também simboliza a kundalini, que deve ser trabalhada através da conjunção mágica do lingam e da yoni. No topo da cabeça de Shiva o rio Ganges é representado através de um jorro d’água. Segundo a lenda era um rio violento que foi transmutado a fim de estar presente em Gaia, na alegoria de nascer nos pés de Vishnu e jorrar da cabeça de Shiva. O fogo: AGNI. Este deva é associado a este elemento. Gera transformação, transmutação. Salve Shiva, o cara! Aquele que leva uma lua crescente nos cabelos. Ele está além das emoções mundanas e em estado de putrefação. Jamais é manipulado, marionetado por seus humores estúpidos. Ignora as mudanças ou variações pois é ciente de que a roda da Samsara gira com o mundo e de que precisamos nos adaptar ao novo. Isso evita que nosso eu verdadeiro seja afetado: o sentimento de que é perda de tempo preocupar-se com meras mesquinharias terrenas.

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