Submundo Podre e Acabado

As presilhas brilhantes em formato de flor e cor-de-rosa permearão minhas lembranças de uma noite de calor em Copacabana. A lua crescente feito um botão adornava o céu. Na terra de ninguém tudo acontecia ao redor e era bom de se olhar ou de apenas estar na platéia. Pessoas misturavam os seus corpos sem pudor algum e não havia delito em se fazer isso, tal natural se fazia o movimento. A multidão presente no obscuro corredor com suas bocas e mãos e pernas, facetas mil com formas diversas, o som da salsa tocava em ritmo frenético e o todo se unia com volúpia. Na terra de ninguém, você não pertence a lugar algum. A energia telúrica emana pelos poros. De uma certa forma consegue-se ter alguma paz, ali não existem guerras. Pessoas se respeitam, sorriem e são fraternas, comungam do único propósito que é estar livre no seio de um jardim paradisíaco onde ninguém é julgado. Todos estão além do bem e do mal. A vida se abre em uma nova proposta de ter e de ser. Por fim o caminhão, feito uma locomotiva, de súbito vem e despedaça partes que se renovam. A dor existe e a vida passa por um fio tênue sobre nossas mãos. Mas longas e profundas são as linhas da vida. Sou grata pela vida ter nos escolhido.

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