Festa na Senzala


Ao longe o som malemolente contagiava. A senhorinha consegue sair pelos fundos sem dar a perceber por ninguém da casa grande. Por trás das bananeiras ela se espreita a admirar a dança dos negros que corria solta e festiva pelo terreiro da senzala pouco iluminado.

Alguém percebe a presença dela, cheiro de perfume de moça cuidada. O negro dançarino lhe toma pelas mãos, a conduz para o terreiro e a enlaça pela cintura em uma dança frenética e compassada.

Ela gosta. O ritmo lhe faz bem, se entrega ao prazer de dançar sem medo. Só uma coisa a incomoda. O suor do seu parceiro tinha um cheiro de azedo, coisa meio ocre. Isso dava nojo, embora ela sorrisse com a delícia da dança. Tinha um sentimento dúbio de prazer e náusea. O suor fétido do negro penetrava na roupa dela.

O batuque parou. Ela sem agradecer, largou a mão dele e partiu de volta à casa grande, em uma linha reta sem olhar para trás. Demorou-se em um banho de banheira com água fria. Não havia criadas para esquentar a água do banho.

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