Rainha dos Infernos


Siddartha insistia em jogar garrafas no mar. Mas a Rainha dos Infernos jamais as encontraria. Pois no mar existe o inconsciente dos homens do Povo de Deus. O mar não é o inferno onde aquela que grunhe estridente habita. Siddartha estava preso por seu inconsciente cheio de culpa por um erro que ele não cometera.

Embora use o veículo certo, que é o mar, suas garrafas permanecem boiando ao léu. Quem ele queria atingir está em outro plano – ainda bem. Pois só existe o encontro verdadeiro quando seres estão na mesma faixa de sintonia. E ela nunca fora merecedora de fato de coabitar com tão nobre alma.

No mar, sereias já leram as mensagens das garrafas. E foram tantas e por dez anos! Mas “ela” não as leu. Não soube valorizar o companheiro distinto que a vida lhe proporcionara. Por isso agora não há mais encontro – o desencontro necessário põe fim ao sofrimento dele.

Mesmo assim Siddartha ainda jogava as garrafas. Homem bom que carregava uma culpa de nada. O mar é de Yemanjá e a mãe piedosa agora cuida do coração dele. Pois foi através do mar que ele tentou se expressar. A resposta para seus anseios dele virá: ah, o mar, o doce mar de Yemanjá...

Comentários